"Um sábio uma vez disse:  Se há uma bifurcação na estrada, pegue-a .
 Cara irmã, hoje eu encontrei a minha bifurcação e a peguei, pulei com os dois pés. Estamos em estradas separadas agora. Quem sabe qual é a nossa jornada? Onde nossas estradas vão nos levar? Não fique zangada por eu ter partido tão subitamente. Você sempre me disse que eu deveria me arriscar mais, viver um pouco, bem, agora eu estou! Cruze os dedos por mim, deseje-me sorte, como eu desejo a você. Talvez um dia, as bifurcações que pegamos, e aquelas outras tomadas antes das nossas, nos levem a juntar-nos outra vez"
Sempre acreditei em casualidades, encontros que podem dar certo, em sair na rua para comprar pão pela manhã e voltar pra casa com um novo amigo. É bobo, é clichê, mas sei que no fundo essa ideia é aceita por muitos, e espero que alguém que esteja lendo isso também acredite. 
Durante um final de semana de ressaca, o que já não me é estranho, decidi ver alguns filmes que havia baixado, e que sem querer falavam praticamente do mesmo tipo de casualidade, desses encontros com desconhecidos que de formas inusitadas acabam se tornando conhecidos. 360 ( Walter Salles ) Paris, eu te amo ( vários
autores ) Nova York, eu te amo ( vários autores) me levaram a um mundo de encontros e desencontros, de pessoas que se cruzam pelas ruas do mundo, e que revelam seu intimo sem nem ao menos ter trocado uma palavra entre si. Um mundo lúdico, fantasioso, mas que despertou pensamentos racionais e antigos, que durante as idas e vindas do dia a dia, eu acabei por deixar de lado.
É hora de sair um pouco de da zona de conforto, tratar a neofobia e olhar um pouco mais ao redor. Estamos acostumados a rotina, as mesmas pessoas, os mesmos cheiros, as mesmas piadas sujas em conversas de mesa de bar. Levamos muito a serio os " eu te amo" que saem da boca pra fora, e acabamos por sofrer pelos mesmos.  Rompimentos são dolorosos quando não se tem em vista o que pode vir de bom ao se dobrar uma esquina ao ir para o trabalho.

Tenha em mente que  vivemos em livro de 7 bilhões de paginas, ilustradas por pequenos pontos que se olhados de perto parecem pessoas. Não saia a procura do Wally, deixe que ele venha ate você, através de um sorriso de canto de boca, que você não irá ignorar. O próximo passo é  dado por você, e não interferirei nisso. Pra falar a verdade, estarei ocupado demais dando mais atenção aos Wally's, mesmo sabendo que no meu caso restará apenas a bagunça do fim de festa para limpar, ate dar vez ao próximo. Mas isso,  rendo papo pra manga, a gente conversa mais tarde, com mais calma. 

Referencias: 



Antes de dizer que é altruísta, assista Dancer In The Dark



Dancer in the Dark - Lars Von Trier, 2000.

Já faz algum tempo que assisti Dancer In the Dark, e lembro exatamente a sensação de ser golpeado no estomago, enquanto os créditos subiam ao som da voz da Björk. Talvez por ser o primeiro filme de Lars que assisti em minha vida, atentei apenas para o sofrimento da personagem principal, mas estamos falando de um emaranhado de sentimentos e personagens que juntos servem para exemplificar isso.
Lars nos mostra o altruísmo selvagem, que não se importa com as consequências, se é que elas têm importância, o extremo também esta presente na construção dos personagens que por sua vez também agem pela emoção. Amor, amizade e ganancia são personificados e utilizados para nos apresentar um ser humano natural que pensa e reage por seus ideais e prioridades, esquecendo muitas vezes dos seus próprios sentimentos e necessidades.
É preciso sentir o filme como um todo, deixar que o domine de forma que nem se note o tempo passar, e talvez ate, se imaginar no lugar de algum dos personagens, assim como Björk fez durante sua atuação, em que dançou não só no escuro, mas que teve como par a melancolia. 

Ensaio sobre medos, insegurança e suas consequências


- Porque você está assim, se sabia o que iria acontecer?
- Por saber que não foi diferente desta vez.
- Você terá outras chances.
- Desisto.

Você pensa em mudar, mas não adianta, se as partes envolvidas não sabem disso ou se simplesmente não se importam. Ah o maldito altruísmo, te destruindo, te consumindo, te impedindo de ser forte ao menos uma vez, de não chorar ao menos uma vez.

- Pra quê tanta pressa, se a alguns minutos atrás você me queria por perto.
- É por você. Você não precisa mais de mim.
- Então fica, não vai ser a mesma coisa sem você aqui.
- Se você tivesse pedido há alguns minutos, isso não seria necessário.

Praticar o desapego é cada vez mais difícil quando ate mesmo as roupas que usas não são realmente suas. O cheiro, a voz, os passos apressados e ritmados, a condição de se ver todo dia, falar todo dia. A vontade de sumir.
Você não é tão forte, você não precisa ser, não é sua natureza. Não é possível que ele não tenha notado a necessidade de um rompimento, sem despedidas, sem ultima vez.

- Porra, não da pra meter nessa sua cabeça que eu te amo?
- Você não me ama, você se acostumou a mim.
- Não é verdade.
- Não discutirei sobre isso com você.
- Você vai vir me visitar?
- Eu sei que você vai me ligar na ultima semana do mês, exatamente quando abrir o guarda roupas e achar que não tem nada pra vestir, ou talvez eu lute contra minha vontade e desligue  o celular por alguns dias.
- Não é bem assim.
- Espera pra ver.
- Com quem vai ficar o disco do Joy Division.
- Olha como você é....tsc. Fica com quem mais precisar.
- Você?
- Não agora, talvez você não tenha percebido...
- Que você ta deixando uma desculpa pra me ver?
- Você nunca vai mudar mesmo...sobre o disco do Joy, eu compro um novo se você achar melhor.
- Não acho.
- Minha carona chegou. Tchau.
- Ate breve.
- Tchau.
Deixa o cd, deixa a vontade, deixa os planos, mas não deixa o amor reciproco, porque ele nunca existiu. Deixou apenas a necessidade do outro. 

sobre medos inexplicáveis e amores invisíveis





“ Hoje será um bom dia” é o que eu me pego repetindo durante as primeiras horas dos dias, que de uns tempos pra cá já não possuem muita diferença , muito menos importância. A verdade é que,me permito sorrir entre tragos e goles, mas isso não satisfaz a criança dentro de mim que clama por certezas e garantias.
 Tenho me apegado ao instável, um descobridor de felicidades passageiras, por enquanto esta sendo funcional, mas não sei quanto tempo mais isso irá durar. Me sinto ate tolo, deixando transparecer toda essa confusão de sentimentos, mas é necessário, já que o veneno esta cada vez mais impregnado através da minha cútis. A necessidade assusta ao primeiro encontro, a vontade é maior que a razão, onde já não sei que adjetivos atribuir aqueles que por alguns segundos me pertencem.

Não me abrirei, não me fecharei, apenas continuarei tentando saltar destes trampolins imaginários, sem martírios assistidos, já que os demônios pertencem a mim, e os diálogos serão encerrados quando eu quiser dar fim a este no-sense. Será o momento que eu terei cansado de percorrer esta linha tênue. 


Por mais clichê que pareça: a verdade é que eu não sei o que está acontecendo.
A verdade é que aos poucos eu estou descobrindo quem eu realmente sou, aos poucos estou me aceitando. Talvez tantas defesas, tantos sorrisos, tantos disfarces sirvam apenas para camuflar. Tantos golpes covardes, frases prontas e saídas estratégicas sirvam de exemplo, para mostrar a ninguém além de mim mesmo de que eu sou vulnerável, de que eu posso me apaixonar, de que posso novamente me decepcionar, me machucar, me reerguer, mas eu fujo.
Eu continuarei acreditando, mesmo que em segredo, que um dia isso mudará, de que me darei a chance de ser feliz, de que todo sofrimento valerá a pena, e que não farei ninguém sofrer e que isso será reciproco. Talvez demore, talvez nunca aconteça, mas é necessário algo para se crer, então eu continuarei vivendo utopicamente.




I told you kid. you always want what you can't have.
Someday he'll come along...
"blahblahblah"...
You're funny. you just make me laugh. pathetic.
Someday he'll come along, the man i love and he'll give me what i want.
Mike, are you still there? did you sleep well?
How come you are so cool about it?
I wish i could be that way. i wish i could be that way... i wish...

Epílogo

- Mas eu tenho medo.
- Do que você tem medo?
- Não sei... eu só queria que você fosse paciente.
- Sou muito paciente... Mas tudo tem limite.

Nas cenas do filme  de onde este dialogo foi arrancado, uma criança que por merecimento ou por pura caridade tenha acabado de ganhar um brinquedo, não qualquer brinquedo. Ela acaba de ganhar o mais caro, e talvez por consequência disso seja também um dos mais complexos de se brincar. Mas ela não perdeu a vontade de desfrutar daquela peça entre suas mãos, ela tenta, ela por horas apenas observa e vai com o tempo, conseguindo a confiança necessária para começar a brincar sem receio de danificar sua nova realização.
Por puro altruísmo ele resolve dividir um pouco da felicidade com um amigo, mas é ai que se encontra o problema, já que existe a pressa do amigo para que ambos se divirtam, juntos, enquanto o garoto com medo do que pode acontecer a seu brinquedo tenta explicar ao companheiro como que manuseia o brinquedo.
O amigo irritado desiste, já não o interessa brincar com um brinquedo em que mal pode tocar, chega a conclusão de que aquilo não o alegrará, não o fara feliz e se vai.  Mas tudo poderia ter sido diferente ali, muitos “ e se”, mas de nada valem, já que o brinquedo continua intacto, e ambos não brincam mais, um deles por puro desinteresse, o outro por ter chegado a conclusão de que aquilo não era um brinquedo que oferece diversão quando se brinca sozinho. Talvez uma metáfora tão grande já não valha mais nada, mas pode fazer com que as dores da realidade sejam amenizadas.

Quando me presentearam com um algo complexo não me disseram também que eu teria que ser autodidata, que tudo dependeria tanto de mim, e tão rápido. Talvez o que disse anteriormente tenha parecido o cumulo do egocentrismo, talvez eu tenha assistido 500 days of summer mais vezes do que deveria. Mas talvez eu também possa ter sido um personagem de filme clichê de comedia romântica, que se fez de cego perante a situação em que se encontrava, que por pura distração deixou todos as oportunidades o golpearem em cheio ao estomago, para só depois irem embora. Infelizmente não vivemos um filme, não existem roteiros premeditadamente calculados para se concluírem de forma feliz.
Eu brinquei com a dramaturgia, eu deixei as oportunidades passarem, eu fui fraco, eu soube pedir ajuda mas não soube a hora de aceita-la, eu demorei demais, eu esqueci as falas essenciais, esqueci de fazer meu papel, talvez eu apenas não tenha percebido que nestas cenas não podem existir monólogos.
Eu criei uma situação em que clichês não são eficientes, alias, eles não existem. Não adianta sentar num sofá chorando ao som de all by myself, correr em câmera lenta em direção ao beijo de reconciliação no meio de um saguão de um aeroporto lotado, ninguém vai me aplaudir se eu disser que errei, em meio a uma multidão que parou ao nosso redor. Meus créditos finais já estão passando na tela. E eu não estou deprimido por tais cenas não serem refeitas. Mas não negarei que pequei em não exercer meu papel, de não ser quem eu realmente deveria ter sido, ter sido eu.
É o momento de praticar o desapego. Juro que começarei isso o mais breve possível, preciso apenas de uma pequena confirmação, mas nada que interfira no desfecho da situação. Seguirei escutando as mesmas trilhas sonoras, frequentando lugares que sei que são comuns, não por sadismo, mas porque não estarei ofendendo e nem serei ofendido, sou adulto suficiente pra não tomar atitudes que mudem meus princípios. Quero um epilogo justo, ate porque como me disseram uma vez, “acabou antes de começar”, e os créditos ainda não chegaram ao final, mas as luzes  estão se acendendo. 




3:00 a.m
Dedos silenciosos e enferrujados, sem pratica, já não escrevem como antes.
Respirações ofegantes e compassadas, ouvidos desatentos ao som dos gritos viscerais de uma musica qualquer.
Cabeça vazia.
É incrível a capacidade do ser humano de se apegar, não só a bens materiais, a dogmas, costumes, mas a pessoas, a desconhecidos íntimos. Nas ultimas semanas tenho estranhado a forma a que me apeguei aos detalhes, as risadas abafadas pelo som do seu cobertor, aos sussurros, as conversas que rasgam a madrugada, os assuntos que simplesmente surgem, as mensagens de bom dia, as despedidas longas. Gosto de sentir isso, de por alguns segundos calafrios ter calafrio ao por os pés no desconhecido, o cuidar de ti me faz sentir vivo, afinal sou humano, gosto da vulnerabilidade e da fragilidade alheia, já que também sou um ser vulnerável.
Confesso que por medo, ou por orgulho, acabo por esconder meus sentimentos e com isso muros invisíveis são construídos. Dispus-me a mudar, a aceitar, arriscar.
Talvez eu queira a partir de hoje alguém que ajude a ocupar minhas noites, alguém em que eu tenha a segurança e a liberdade de planejar. Estou disposto a mudar minha rotina, meus hábitos, estou disposto a rever conceitos a planejar um futuro.
E mesmo que no final, se nada der certo, eu poderei dizer que não deu certo, mas que tentei que vivi que não me arrependo de nada que fiz, que disse tudo que precisava, e que te fiz feliz, mesmo que por segundos, e isso foi suficiente pra me fazer feliz também, mas não por segundos.


Põe mais um na mesa de jantar, porque hoje eu vou "praí" te ver.
E tira o som dessa TV, pra gente conversar.
Diz pro bambo usar o violão, pede pro Tico me esperar
E avisa que eu só vou chegar, no último vagão
(Além do Que se Vê - Los Hermanos)