Ensaio sobre medos, insegurança e suas consequências
- Porque você está assim, se sabia o que iria acontecer?
- Por saber que não foi diferente desta vez.
- Você terá outras chances.
- Desisto.
Você pensa em mudar, mas não adianta, se as partes
envolvidas não sabem disso ou se simplesmente não se importam. Ah o maldito altruísmo,
te destruindo, te consumindo, te impedindo de ser forte ao menos uma vez, de
não chorar ao menos uma vez.
- Pra quê tanta pressa, se a alguns minutos atrás você me
queria por perto.
- É por você. Você não precisa mais de mim.
- Então fica, não vai ser a mesma coisa sem você aqui.
- Se você tivesse pedido há alguns minutos, isso não seria
necessário.
Praticar o desapego é cada vez mais difícil quando ate
mesmo as roupas que usas não são realmente suas. O cheiro, a voz, os passos
apressados e ritmados, a condição de se ver todo dia, falar todo dia. A vontade
de sumir.
Você não é tão forte, você não precisa ser, não é sua
natureza. Não é possível que ele não tenha notado a necessidade de um
rompimento, sem despedidas, sem ultima vez.
- Porra, não da pra meter nessa sua cabeça que eu te amo?
- Você não me ama, você se acostumou a mim.
- Não é verdade.
- Não discutirei sobre isso com você.
- Você vai vir me visitar?
- Eu sei que você vai me ligar na ultima semana do mês, exatamente
quando abrir o guarda roupas e achar que não tem nada pra vestir, ou talvez eu
lute contra minha vontade e desligue o
celular por alguns dias.
- Não é bem assim.
- Espera pra ver.
- Com quem vai ficar o disco do Joy Division.
- Olha como você é....tsc. Fica com quem mais precisar.
- Você?
- Não agora, talvez você não tenha percebido...
- Que você ta deixando uma desculpa pra me ver?
- Você nunca vai mudar mesmo...sobre o disco do Joy, eu
compro um novo se você achar melhor.
- Não acho.
- Minha carona chegou. Tchau.
- Ate breve.
- Tchau.
Deixa o cd, deixa a vontade, deixa os planos, mas não deixa
o amor reciproco, porque ele nunca existiu. Deixou apenas a necessidade do
outro.
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